Desenvolvimento Humano

23 de setembro, 2019

VONTADE

Hoje, depois de muito tempo, Nathalia foi se encontrar com o Michel e o Nick para passarem a tarde juntos e, conversarem sobre o tema – vontade – através de uma abordagem filosófica, porque ela sente que esta palavra perdeu muito de seu significado ao longo da vida.

Nathalia é coach e, Michel e Nick são colegas do curso de filosofia da USP.

Michel já conhecia Nathalia desde a infância e, a apresentou ao Nick no encontro que se deu na casa dele.

Após os cumprimentos iniciais, sentaram-se confortavelmente em uma sala arejada, com vista para o jardim interno, muito bem cuidado por sinal e repleto de flores. A tarde estava ensolarada e podiam sentir uma brisa leve que entrava pela grande porta aberta.

Pouco tempo depois, parecia que Nathalia já conhecia o Nick há muito tempo, tal o entrosamento deles.

Nick disse – é melhor a gente entrar no tema porque sei que o papo será longo.

Bom, vamos lá disseram Nathalia e Michel.

Pois é, disse Nick – há uma confusão geral quando se fala de vontade, confundindo-a com desejo. Precisamos deixar claro, já de saída, que são coisas distintas. Tanto que quando falamos de vontade, dizemos força de vontade, ou seja, trata-se de algo mais forte e capaz de nos manter na direção do que queremos atingir.

Boa Nick, disse Michel. Quando falamos de desejo é algo que pode ou não acontecer, do tipo eu desejo muito ir à praia, mas se não der, não tem importância. Podemos também encontrar, eu desejo conhecê-la um dia. É algo sem muita importância. Apenas um desejo, sem muita consequência.

E você Nathália, disse Nick, o que acha?

Eu tenho o mesmo entendimento, porque para mim vontade é perseverança, determinação e uma coisa mais duradoura. Como você disse, algo que não se abandona e se vai até o fim.

Michel interveio dizendo – entendo que quando temos vontade, o que a fundamenta é a consciência de sabermos onde queremos chegar, independente das circunstâncias. Isso significa também uma ação contínua, que se emprega na caminhada até que se alcance o objetivo, como já foi dito aqui. Dessa forma, sinto que estamos de acordo.

Nossa, esse negócio está ficando profundo disse Nathalia. Vou colocar um pouco mais de pimenta nessa história. Vejam uma coisa, aquele que age com vontade está motivado, ou seja, tem entusiasmo. Entusiasmo, para mim, utilizando a etimologia da palavra En Theos – o divino dentro – é o que nos faz pensar e provoca nossa tomada de consciência. Consciência essa, de cada ato de nossas vidas e que fortalece nossa caminhada.

Nathália, disse Michel, quero reforçar a importância dessa consciência, a partir dos questionamentos que temos que fazer sempre com foco em nossas ações. Temos que parar e perguntar, por que estou fazendo isso? Não dá para ser de outra forma, porque a vida não se vive automaticamente já que ela tem um sentido maior para cada um de nós, ou pelo menos deveria. Sem esses questionamentos deixamos, simplesmente, de ser protagonistas das nossas vidas. O que acha Nick?

Bom, acho que estamos de acordo até aqui, porém, quero acrescentar uma coisa que está em evidência atualmente, que é o storytelling. Dessa forma, há uma história em que temos sempre um herói, aquele que vai além, que apesar dos infortúnios encontra poções e objetos mágicos durante sua jornada e, que acaba ressurgindo e resolvendo epicamente alguma situação crítica. Partindo dessa descrição e trazendo-a para a realidade, sinto que podemos dizer que aquele que se compromete com a vida, com o futuro, aquele que tem vontade, é capaz de encontrar em sua caminhada seus poderes internos, que vêm à tona e o fazem chegar ao seu intento.

Nick, você concluiu lindamente essa nossa abordagem até aqui. Quero acrescentar, para exemplificar, que aquilo que encontramos no mundo é o resultado daqueles que com vontade, fizeram sua obra, como Sócrates, Platão, Michelangelo, Picasso, Fernando Pessoa, Darci Ribeiro, Machado de Assis, Botero, Frida Kahlo, Noel Rosa, Freddie Mercury, Guimarães Rosa e Tom Jobim, dentro tantos outros.

por Fausto Ferreira