Desenvolvimento Humano

28 de Março, 2018

TRANSHUMANISMO

Zélio, você que sabe de tudo e fala de tendências futuras, o que é esse negócio que estão chamando de transhumanismo? Agora que estou na fase madura da minha vida, esses caras começam a inventar essas coisas. Será que isso vai me pegar ainda em vida? Primeiro eu quero entender, porque a vida está ficando cada vez mais complicada…

Ah, Zoroastro, para te responder eu vou ter que me estender um pouco mais e, sei que você não vai gostar. Você sabe que eu sou professor universitário, mas não sou adivinho, então vamos lá. Veja, nesse momento que estamos vivendo em 2018, tudo sinaliza que já entramos nessa era do transhumanismo mesmo.

Mas, ainda não te disse o significado disso, o que vou fazer agora.

Você sabe que sempre houve uma grande evolução da humanidade, não é?

Sim, eu sei e até já estudei sobre isso e me deu um medo danado, porque fiquei sem chão. Fiquei sem saber se nós evoluímos mesmo até chegar onde estamos ou se foi Deus que criou o homem, como eu aprendi; que bagunça na minha cabeça…

Agora vamos aos fatos. Historicamente, podemos dizer que há 200 mil anos surgiu a espécie Homo Sapiens, na parte oriental da África. O que somos hoje é a evolução dessa espécie. Um pouco antes de nós haviam outras espécies humanas e a última, antes de nós, que se chamava Neandertais. Nós tivemos a oportunidade de conviver com essa outra espécie, acabando por dizimá-los, após muitos e muitos anos de convívio. Só a nossa espécie se manteve até os dias de hoje.

Há 70 mil anos, os sapiens se espalharam pelo mundo. Momento em que surgiu a revolução cognitiva, com a criação da linguagem ficcional. Eles podiam se comunicar, contando histórias. Após isto tivemos a revolução agrícola, a revolução científica e a revolução industrial. Yuval Harari, em seu livro Sapiens – uma breve história da humanidade, descreve claramente como os organismos estão sendo moldados pelo design inteligente e não pela seleção natural.

Para falar do futuro temos que analisar a vida, não só do ponto de vista orgânico, mas também inorgânico.
Podemos falar em vida biônica, que hoje junta ao orgânico, implantes, próteses, potencialização da visão e da audição, cura de doenças degenerativas e de outras doenças. Podemos também falar da potencialização do processamento de nossos cérebros, do aumento da capacidade de memória, que temos e, até de download e upload do cérebro e do contato direto entre o cérebro e as máquinas de inteligência artificial.

Isso sem falar na possibilidade de um combate massivo às doenças, prolongamento da vida e até da imortalidade.
Já temos a Neuralink, empresa do Sr. Elon Musk, que conta diversos doutores em ciência, neurologia, biologia e tecnologia da informação, trabalhando com muito afinco para acessar o nosso cérebro, de forma invasiva, através de implantes de dispositivos nanos e, futuramente, de forma não invasiva, para potencializar a nossa capacidade cognitiva. Essa empresa se encontra na fase inicial de seus estudos e experiências. Também a China, com seu China Brain Project, está estudando o desenvolvimento de pessoas mais inteligentes. E, por aí vai.

Considerando a velocidade do desenvolvimento científico, tecnológico e da medicina, não haverá muita demora para isso acontecer.

Zoroastro, isso é o que se chama de transhumanismo. Além do humano, biônico e super-humano.

As mudanças serão gigantescas e nos afetarão, com certeza.

Poderemos indagar, em que iremos nos tornar? Seremos ainda humanos? Qual será o destino de nós Sapiens? Será que seremos dominados por robôs ou por uma grande máquina de inteligência artificial?

Ainda não há respostas à essas indagações. Posso citar que há alguns países, como a França, Coréia do Sul, China e o Parlamento Europeu, que estão preocupados com o futuro e que começaram a estudar, para implantar leis ou inserir nas legislações já existentes, uma forma de estabelecer uma relação ética saudável entre nós e os robôs.

Considerando essa abrupta evolução da inovação tecnológica, que nos impele à total transformação da vida, devemos nos preparar, através da leitura e da educação.

Ficar só com medo do que poderá acontecer é inócuo. Melhor aceitar.

Tenho certeza que, sempre iremos dizer, no passado, a vida era pior!

por Fausto Ferreira