Desenvolvimento Humano

12 de Fevereiro, 2018

” É ESSA A VIDA QUE REALMENTE QUEREMOS? “

Claro, claro, eu estou usando o título de um poema de Roger Waters, cujo CD foi lançado recentemente. Porquê? Simples, me inspirou para escrever sobre o tema. Esse músico britânico está com 74 anos e foi um dos criadores da banda Pink Floyd. Pouca coisa né? Nesse poema ele fala sobre as dores da vida, sua visão política e também sobre a nossa passividade diante de tudo o que está acontecendo no mundo. Virá em turnê ao Brasil, agora em 2018.

Minhas reflexões: O que Roger Waters disse, é pura verdade. Mas será que podemos mudar isso? A decisão de fazer diferente está conosco.

Acredito que as diferentes respostas à essa pergunta, depende do período que estamos vivendo, podendo ser na infância, adolescência, na fase adulta ou na velhice. Essa última, para uns, 60 anos, para outros 70, 80, 90 e, mais, mais e mais, já que hoje temos a possibilidade de termos nossas vidas prolongadas, através do avanço da ciência, tecnologia e medicina.

Na infância, pode parecer que não nos importamos muito com a vida; ledo engano. Os questionamentos iniciam nesse período. Não só perguntando por coisas óbvias, mas por situações que nos faz pensar, tais como, porque ele é pobre? Porque ele vive na rua? Porque eu sou pobre? Porque eu não tenho comida? Porque eu sou branco? E, por aí vai.

Na adolescência, nos deparamos com as contradições da vida, de forma mais contundente e ficamos confusos, sem respostas para nós e para os outros. Somos bombardeados pela mídia, que nos diz: Seja você mesmo, use esse tênis, esse celular é mais moderno, tenha sucesso, seja empreendedor, seja famoso, você também pode. Veja a contradição: Seja você mesmo versus consuma e seja igual aos outros. Doidera pura. Daí que nos retraímos e nos comportamos de formas não esperadas. Muitas vezes, porque ficamos nocauteados, pelas ações de nossos pais, da comunidade em que vivemos, dos governos e dos políticos. E, achando que está tudo errado, abraçamos uma determinada “bandeira” fugaz. Precisamos ser ouvidos, precisamos de aconchego, de compreensão e não de punição.

Como adultos e aparentemente esclarecidos, em muitos casos, vamos levando a vida ou deixando a vida nos levar. De outra forma, podemos entender melhor as dissonâncias entre o que vemos e o que os outros veem, ter mais certezas ou incertezas sobre tudo, podendo até dar respostas coerentes. Assim, através da ação, podemos ser incentivadores de mudanças de comportamentos, da elevação do padrão intelectual e da compreensão da vida. Mesmo assim a vida continua doendo. Se não houve ainda a oportunidade de escolhermos um caminho diferente, que nos possa dar um sentido prazeroso pela vida, devemos insistir para sair desse padrão e querermos uma vida com sentido para nós. A liberdade para escolhermos é fantástica, mas vêm repleta de responsabilidades, conosco e para com os outros. É isso, podemos agir diferente no nosso espaço, na escola, na comunidade, enfim, por onde andarmos e essa onda irá reverberar para as Cidades, para os Estados e para o Mundo.

Ah, na velhice, como dizia a escritora Simone De Beauvoir – “Estamos no auge de nosso intelecto e temos o corpo decrépito”. É uma constatação terrível. Entendo que, até há pouco tempo e, para muitos ainda acontece, viver esperando a morte chegar, é a única alternativa. Se nos deparamos hoje, com a possibilidade de viver mais, devemos considerar também, a possibilidade de envelhecermos com mais qualidade, preparando-nos para essa fase, com antecedência. Ao mantermos a saúde do corpo e da mente, continuaremos produtivos e a desfrutar da vida, com certa plenitude, saboreando cada momento, sem estarmos pressionados pelo relógio. Dessa forma, poderemos sim, continuar importantes e influenciar na transformação e no desenvolvimento da humanidade.

Ao olharmos hoje a vida, a terra, que nossa espécie já destruiu em grande parte, ficamos perplexos. Os recursos naturais já estão se exaurindo.

Em relação às pessoas, mata-se de fome, mata-se com bombardeios, mata-se com bala perdida ou direcionada, mata-se no trânsito, mata-se pelas decisões políticas, mata-se pelo envenenamento de nossa cadeia alimentar e, também nos estarreceremos, quando vermos robôs matando humanos, como disse recentemente, Elon Musk, ao se referir à não compreensão do homem sobre a Inteligência Artificial e seus riscos – (Encontro de governadores dos EUA, em Rhode Island).

Será que precisaremos chegar a esse ponto?

Para termos uma vida digna, precisaremos mudar a nossa compreensão do mundo e agir, de forma ética e efetiva, sem passividade.

Aprender sempre, para refletirmos, transformando informação em conhecimento e também para facilitar esse caminho, para que os outros possam fazê-lo.

Podemos utilizar a nossa experiência, o nosso conhecimento, simplesmente, para compartilhar com nossos companheiros dessa jornada, com muita alegria!

Que vida queremos então?

por Fausto Ferreira