Coaching

15 de dezembro, 2017

UM PROCESSO DE COACHING EXECUTIVO

RESUMO

O Werner (Vida 2 – do artigo de 10 de agosto – Há Algum Sentido para a Vida?) me procurou para fazer um Processo de Coaching, porque havia desistido da sugestão de seu amigo, para fazer terapia.

Segue o histórico dele para nossa lembrança:

“ Vida 2
Me chamo Werner, com W, se não, seria outra coisa. Estou com 38 anos, no auge de minha carreira como Gerente de Tecnologia da Informação. Já cursei dois MBAs, meus filhos estudam em escola particular, minha esposa é médica. Vivemos muito bem, trabalho 14 horas por dia. Decidi trabalhar mais, para ter mais dinheiro. Não vi meus filhos crescerem. Fiquei afastado, mas não lhes falta nada. A educação ficou por conta da mãe e das empregadas. Nunca tive tempo para mais nada. No mês passado, conversando com um amigo, me abri com ele e disse que estava sentindo um vazio danado na minha vida, a relação com a Thelma não está boa, as crianças estão rebeldes, meu trabalho na empresa está indo bem, mas eu estou pensando em outras oportunidades de trabalho, me sinto infeliz e perdido. Meu amigo me sugeriu fazer terapia…”

Diagnóstico:

Entendimento da necessidade do Coachee individualmente ou também da empresa que o está indicando, se for o caso.

No primeiro contato, o discurso dele, bem como a decisão de não fazer terapia, me deixaram alerta. Suspeitava de uma resistência. Ouvi sua história, atentamente.

Ele, com a voz trêmula, deixou claro, que não sabia bem o que estava acontecendo com ele e que isso impactava na relação com a esposa e também na decisão de procurar por outros caminhos profissionais.

Repetiu que estava bem no trabalho atual, que se sentia vazio e com a ansiedade a mil. Seu corpo denunciava o incomodo, pela rigidez postural.

Após a anamnese, iniciei o diálogo:

F – Fausto – W – Werner

F – Você gosta do que faz?

W – Claro que sim! Estou surpreso…. Nunca pensei em fazer outra coisa.

F – E a empresa, o que acha de seu trabalho?

W – Não só o meu chefe, mas também meus pares, dizem abertamente que os produtos de meu trabalho, são sempre ótimos e trazem resultado para a empresa.

F – Então, no trabalho está bem. E o relacionamento com a esposa?

W- Bom, eu disse anteriormente que nossa relação estava estremecida e estressada. Eu amo a Thelma e as crianças.

F – O que ela diz sobre isso?

W – Ela diz claramente que também me ama, mas que não dá para continuarmos dessa forma. Diz também que minha amante, o trabalho, está nos distanciando.

F- Você quer realmente resolver a questão desse seu envolvimento com o trabalho?

W- Preciso urgentemente resolver essa questão. Saber qual rumo tomar com minha carreira, para tentar recuperar o tempo perdido, no relacionamento com a Thelma e as crianças e também para eu possa me desestressar e me sentir saudável.

F – Você acha que pode fazer isso?

W – Sem dúvida eu sei que posso. Não tenho certeza, qual o caminho a seguir…

Começou a relaxar na entonação de voz, na postura rígida e foi se recostando na cadeira.

Nesse momento, ele decidiu fazer o Processo de Coaching.

W – Olha, eu quero muito fazer o processo de Coaching.

F – Então, fale sobre sua carreira para identificarmos qual o rumo a seguir.

W – Ah, que bom, você vai direto ao ponto.

Naquele momento ele discorreu sobre a carreira, pontos positivos, problemas enfrentados, citando exemplos, a meu pedido. Na fala dele, vinha uma vontade enorme de continuar na empresa, mas de outra maneira, sem sofrimento.

F – Antes de traçarmos um plano de ação para você atingir seu objetivo, vamos olhar o resultado de seu Instrumento de Auto Avaliação?

W – Só se for agora.

Essa introdução é extremamente importante, para eu sentir o Coachee e também para que ele possa me sentir e começar a confiar em mim. Sempre dá certo, normalmente. Mas, já houve situações em que o Coachee desistiu ou que eu também tenha desistido, em respeito a ele e a mim também.

Se não houver sintonia, o processo não anda, empaca e o resultado pode ser frustrante para os dois.

Primeiro, ninguém muda obrigado, como já disse outras vezes. Segundo minha crença é a de que qualquer mudança, só ocorre de dentro para fora, no indivíduo.

Dessa forma, necessariamente, inicia-se um processo de autodesenvolvimento do Coachee.

Comprometimento:

Sabemos, que o resultado do Processo, depende do comprometimento verdadeiro do cliente, Coachee.

A identificação e compreensão dos gaps e dos pontos fortes, amarra o comprometimento.

Plano de Ação:

As informações anteriores, nos dá a possibilidade de podermos, em conjunto, traçar os objetivos e escrever o plano de ação.
Ter uma visão de futuro, facilitará e muito o entendimento de que seu desenvolvimento, de fato, o está levando naquela direção.

Acompanhamento:

Se dá nas sessões quinzenais, como é o caso de meu processo, para que o Coachee possa, nesse espaço, refletir e aplicar aquilo que está em desenvolvimento e trazer para as discussões futuras. Há várias formas de sentir como ele está indo no processo, se há interesse genuíno, se demonstra que está cumprindo o que foi combinado nas sessões e por aí vai. Esse combinado pode ser leitura de artigos, livros, assistir filmes e vídeos. Temos também o relato de sua atuação no trabalho e dos resultados alcançados.

Avaliação do Resultado:

Mediante os dados do Instrumento de auto avaliação, do desenvolvimento frente aos gaps, das avaliações realizadas pela empresa em que trabalha, se for o caso e, do nível de satisfação do Coachee, discute-se, em conjunto o resultado do processo.

Resumindo, o resultado do Processo com o Werner, posso dizer que foi extremamente produtivo para ele e muito positivo, também para mim.

Ele continuou na mesma empresa, mudou claramente sua visão de trabalho, delegando, envolvendo e desenvolvendo mais sua equipe de 28 pessoas.

Entende hoje o significado do dinheiro e que não se trata de um fim a ser perseguido. Na verdade, entendeu que o dinheiro é o resultado de um trabalho bem feito, em qualquer situação.

Tirou 30 dias de férias, o que nunca havia acontecido. Reduziu sua carga horária e continuou produtivo, como sempre.

O relacionamento dele com a Thelma e com os filhos voltou a ter uma sintonia inimaginável, o que refletiu também na mudança positiva no comportamento deles.

Foi um trabalho duro de desenvolvimento, não um milagre.

Isso tudo aconteceu em 4 meses, num total de 8 sessões quinzenais.

por Fausto Ferreira